Novo Projeto de Barbados para a Resiliência Climática
Eventos climáticos imprevisíveis estão remodelando o futuro de pequenos Estados e nações insulares. A resposta de Barbados às mudanças climáticas, com foco na tecnologia e baseada em dados, pode ajudar a fortalecer sua resiliência e ser adaptada para uso mais amplo.

Por Alison Buckholtz. Multimídia: Armando Gallardo e Julia Schmalz.
Com um pequeno caderno em uma das mãos e um lápis na outra, Katrina Chapman examina um trecho de praia perto de Bridgetown, Barbados, e observa as águas calmas e azul-turquesa de Pile Bay. E ela não está apenas admirando a vista.
Chapman, gerente da unidade de recebimento de peixes de Pile Bay, está rastreando a invasão de sargaço, algas marrons e viscosas que estão sufocando os recifes de coral, se emaranhando nas redes dos pescadores cuja renda depende da pesca diária, e impactando negativamente a pesca de peixes voadores, prato típico de Barbados. O aquecimento das águas e outros fatores estão acelerando o crescimento do sargaço em todo o Caribe, e Chapman, da terceira geração de pescadores na família em Barbados, nunca viu nada parecido com as pilhas de sargaço que agora apodrecem nas praias.

Ela admite estar preocupada. Quando um pequeno barco pesqueiro retorna à praia, ela anota as observações dos pescadores sobre a propagação e a direção do sargaço. Então, de volta à unidade de processamento de Pile Bay, ela documenta em seu caderno a espécie do peixe, o peso e o tamanho do carregamento de cada barco, juntamente com a informação de onde e como a pesca ocorreu.

Chapman documenta cada captura que chega, como faz aqui com o pescador com arpão Andre Ferguson. As informações dos rendimentos dos pescadores, especialmente os dados sobre temperatura e qualidade, podem permitir que o peixe seja rotulado como sustentável - uma certificação que ajuda o setor pesqueiro de Barbados a acessar os principais mercados de exportação.
Chapman documenta cada captura que chega, como faz aqui com o pescador com arpão Andre Ferguson. As informações dos rendimentos dos pescadores, especialmente os dados sobre temperatura e qualidade, podem permitir que o peixe seja rotulado como sustentável - uma certificação que ajuda o setor pesqueiro de Barbados a acessar os principais mercados de exportação.
Esta será uma das últimas semanas em que Chapman usará papel e lápis para documentar seus dias em Pile Bay. Tablets estão a caminho da unidade – e a ferramenta dará suporte à nova iniciativa DigiFish, um programa colaborativo entre governo, sociedade civil e setor privado para capturar e digitalizar dados. O projeto de coleta de dados busca aumentar a eficiência, facilitar a entrada em novos mercados, integrar o conhecimento geracional e navegar pelas consequências do aquecimento global.
Em Barbados, o aquecimento global não é um problema apenas para a indústria pesqueira. Sua localização geográfica torna o país e sua população vulneráveis a múltiplas consequências da crise climática. Eventos climáticos imprevisíveis, erosão costeira, esgotamento do solo e instabilidade dos lençóis freáticos se somam ao que a Primeira-Ministra Mia Amor Mottley chama de ameaça existencial.
Para Barbados e outras nações e cidades costeiras, "nossa própria sobrevivência está em jogo", diz Mottley. “Por isso devemos agir de forma decisiva e imediata. Os desafios que enfrentamos são assustadores, por isso estamos enfrentando-os de cabeça erguida, combinando políticas arrojadas com medidas práticas baseadas na comunidade que já estão nos ajudando a avançar em direção às nossas metas climáticas. Agora é a hora de fazer ainda mais."
Resiliência em acção: Alyssa-Amor Gibbons e os ministros do governo descrevem as ameaças relacionadas com o clima que Barbados enfrenta e a forma como estão a enfrentar esses desafios.
Para enfrentar esse desafio, o governo de Barbados lançou o programa Roofs to Reefs (De Telhados a Recifes, em português), uma estratégia nacional para impulsionar a resiliência às mudanças climáticas e a eventos imprevisíveis relacionados ao clima. A digitalização e o uso de dados para identificar riscos e definir metas são um elemento-chave dessa resposta. Os tablets que serão entregues para Katrina Chapman fazem parte de uma abordagem focada em tecnologia e baseada em dados para fortalecer a infraestrutura, promover a energia renovável e gerar empregos “verdes”.
“Sem tecnologia e dados que nos permitam estabelecer metas de resiliência climática, não alcançaremos a sustentabilidade”, afirma Shantal Munro-Knight, Ministra do gabinete da Primeira-Ministra responsável pela resiliência climática. “Quando conseguimos implementar recursos que correspondam aos dados que temos sobre vulnerabilidade, podemos ser sistemáticos ao invés de dispersos… e proteger nosso meio ambiente, bem como as comunidades que mais precisam [de ajuda].”
“O escopo e o impacto do desafio climático exigem liderança”, diz Makhtar Diop, Diretor-Presidente da IFC. “O programa Roofs to Reefs de Barbados é inovador e prático e tem potencial para ser adaptado no Caribe e em outras nações insulares vulneráveis.”



Como os dados orientam o desenvolvimento
Autoridades como Munro-Knight são bem versadas nas consequências das mudanças climáticas em Barbados. Em 2021, o número recorde de raios que caíram durante o furacão Elsa resultou na falta de energia em toda a ilha durante cinco dias. Primeiro furacão a atingir Barbados em 65 anos, o Elsa veio no rastro da catastrófica erupção do vulcão La Souffrière, na vizinha St. Vincent, e cobriu Barbados de cinzas, acabando com lavouras, fechando o único aeroporto da ilha e causando problemas respiratórios em muitas pessoas. A infraestrutura básica também está em risco porque a água salgada está se infiltrando no sistema de abastecimento de água – resultado da elevação do nível do mar.
Segundo Munro-Knight, saber o que está por vir não é o mesmo que se preparar. Para planejar melhor o futuro de Barbados, a IFC trabalhou em estreita colaboração com o governo local para desenvolver uma ferramenta digital de planejamento de resiliência e identificação de riscos climáticos chamada “hypervisor”, que identifica riscos, oferece opções com potencial para mitigar impactos e permite aos usuários priorizar investimentos com base nas metas nacionais de resiliência.
A ferramenta reúne dados a partir de uma série de fontes, tanto de agências nacionais do governo quanto de bancos de dados globais. A visualização tridimensional resultante inclui a topografia do país, o ambiente das construções e os principais ativos — existentes e planejados — sobrepostos a riscos climáticos e ambientais. Os usuários podem ampliar qualquer ponto para visualizar a suscetibilidade dos locais a eventos climáticos, como prováveis secas ou tempestades, juntamente com áreas vulneráveis à erosão costeira, inundações no interior e risco sísmico.
“Embora haja bastante conhecimento institucional e comunitário, com pessoas que podem dizer coisas como 'sempre ocorre deslizamento de terra nesta encosta quando há uma tempestade tropical', essas informações não podem ser usadas para fins de planejamento do governo, a menos que sejam codificadas,” afirma Pepukaye Bardouille, que, como Oficial Sênior de Operações da IFC, concebeu e supervisionou o desenvolvimento da ferramenta como parte de uma Plataforma Global para Identificação de Investimentos em Infraestrutura Resiliente em Pequenas Ilhas e Pequenos Estados. (Bardouille é agora Conselheira Especial sobre Resiliência Climática no Gabinete da Primeira-Ministra de Barbados e Diretora da Iniciativa Bridgetown.)
Shantal Munro-Knight, à direita, Ministra do Gabinete do Primeiro Ministro, responsável pela Resiliência Climática, discute como a ferramenta de hipervisor ajudará o país a se preparar para as mudanças climáticas.
Esses dados são críticos porque orientam as necessidades de políticas, planejamento e investimento para o desenvolvimento futuro, bem como onde são necessárias doações ou financiamento concessional, afirma Munro-Knight. Ela defendeu a ferramenta, enfatizando seu papel no fortalecimento de infraestrutura que impacta a vida das pessoas. O hypervisor mostra, por exemplo, que o principal hospital de Barbados, o Queen Elizabeth Hospital, foi construído em uma planície de inundação, o que o torna vulnerável caso uma grande tempestade atinja a ilha.

A ferramenta de hipervisor expõe os possíveis riscos relacionados ao clima em Barbados. Esse filtro mostra áreas ameaçadas por tempestades.
A ferramenta de hipervisor expõe os possíveis riscos relacionados ao clima em Barbados. Esse filtro mostra áreas ameaçadas por tempestades.

A ferramenta de hipervisor expõe os possíveis riscos relacionados ao clima em Barbados. Esse filtro mostra áreas vulneráveis à atividade sísmica.
A ferramenta de hipervisor expõe os possíveis riscos relacionados ao clima em Barbados. Esse filtro mostra áreas vulneráveis à atividade sísmica.

A ferramenta de hipervisor expõe os possíveis riscos relacionados ao clima em Barbados. Esse filtro mostra áreas de vulnerabilidade costeira.
A ferramenta de hipervisor expõe os possíveis riscos relacionados ao clima em Barbados. Esse filtro mostra áreas de vulnerabilidade costeira.

O Queen Elizabeth Hospital, o complexo azul de edifícios mostrado aqui, é a principal instalação médica de cuidados agudos de Barbados. Ele foi construído em uma planície de inundação, deixando o sistema de saúde de Barbados e o atendimento aos pacientes de todo o país vulneráveis se uma grande tempestade atingir a ilha.
O Queen Elizabeth Hospital, o complexo azul de edifícios mostrado aqui, é a principal instalação médica de cuidados agudos de Barbados. Ele foi construído em uma planície de inundação, deixando o sistema de saúde de Barbados e o atendimento aos pacientes de todo o país vulneráveis se uma grande tempestade atingir a ilha.
“Quando temos esse tipo de informação, podemos mitigar os efeitos de um possível desastre e começar a considerar os recursos necessários para a construção de um futuro hospital”, acrescenta. Isso pode incluir a construção de novas estradas e tubulações de água, instalação de sistemas de geração de energia distribuída e construção de bairros e escolas próximos – planos de longo prazo que exigem cooperação entre muitas agências governamentais e também com o setor privado.
O hypervisor foi projetado para mostrar onde há oportunidades de desenvolvimento do setor privado, diz Bardouille. “O valor real está em alinhar com o governo onde eles precisam de mais ou menos de algo para atingir as metas de resiliência, seja agricultura, turismo, capacidade de energia eólica, um novo transformador ou uma usina de dessalinização - e sinalizar para o setor privado onde eles podem apoiar os planos de desenvolvimento do governo.”
Como o hypervisor é uma ferramenta ativa, ele pode ser atualizado à medida que novos dados sobre riscos são disponibilizados e novos projetos de infraestrutura são planejados, aprovados ou concluídos - ajudando o governo, os parceiros de desenvolvimento, o setor privado e os cidadãos a acompanharem o progresso.
Isso está de acordo com as metas do novo Fundo de Resiliência e Sustentabilidade de US$ 189 milhões concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para Barbados, que pede a integração das mudanças climáticas no orçamento nacional.
O enfrentamento da escassez de água
A tecnologia e a modelagem de dados também têm o potencial de fortalecer setores individuais, como o setor de água, de acordo com Karl Payne, palestrante e coordenador do programa de gestão de recursos hídricos do Centro de Pesquisa em Gestão e Estudos Ambientais na Universidade das Índias Ocidentais, na unidade de Cave Hill.
Barbados, assim como metade das ilhas do Caribe que sofrem com a escassez hídrica , sofre com a infiltração da água do mar em seus aquíferos e com a queda do volume das chuvas, que pode chegar a 40% até o final do século, segundo pesquisa da ONU.
Novas soluções, como aplicativos de inteligência artificial (IA) para resiliência climática, são especialmente promissoras em Barbados, diz Payne, observando a “democratização de ferramentas de IA”, como computação em nuvem open source e aprendizado de máquina. Os dados podem treinar modelos de IA para instalar poços em locais que minimizem a intrusão de água salgada, por exemplo, ou propor cenários de reutilização que reforcem a segurança alimentar e evitem uma crise de alimentos. Os modelos também podem prever como o nível da água muda em resposta às chuvas e aos regimes de bombeamento, orientando a autoridade do setor hídrico sobre quanto conservar. Outros dados, como informações recebidas de drones, podem ajudar a orientar projetos de telhados ideais para a captação de água da chuva.
Amgad Elmahdi, Líder do setor hídrico no Fundo Verde para o Clima, também acredita que o uso de novas tecnologias pode trazer soluções para Barbados e outros países que enfrentam desafios de segurança hídrica de longo prazo. “Muitas autoridades do setor hídrico, mudanças climáticas, ativos envelhecidos, aumento populacional, limitações de gastos, mudanças nas expectativas dos clientes e crescentes expectativas de sustentabilidade, ambientais e de governança…[podem] alavancar o rápido avanço na tecnologia digital e usar modelagem e tomada de decisões baseadas em dados”, salienta. Ele cita o uso de drones para apoiar os trabalhos de avaliação de risco de inundação e para criar um modelo de risco de inundação de alta precisão que ajuda a prever e identificar pessoas em risco.
Barbados está no caminho certo, acredita Payne. “Há algumas coisas que o governo já está fazendo certo, como o uso de energia solar para abastecer caixas d’água”, diz. “À medida que começamos a aplicar mais abordagens científicas e tecnológicas aos nossos problemas com os recursos hídricos, sinto-me otimista sabendo que também faremos progresso em outras áreas.”

O que está ameaçando o abastecimento de água de Barbados?
A diminuição drástica dos níveis de água subterrânea, juntamente com o aumento do nível do mar, está fazendo com que a água do mar penetre nos aquíferos de água doce em Barbados, país com escassez de água. O aumento das concentrações de sal ameaça a saúde pública e a segurança alimentar, pois 95% da água potável de Barbados provém de aquíferos.
Deslize as setas com o cursor para ver como a água salgada se infiltra nos sistemas de água doce.
Fontes: Caribbean Community Climate Change Centre, CERMES
Gráfico por Irina Sarchenko/IFC
“O programa Roofs to Reefs de Barbados é inovador e prático, e tem o potencial de ser adaptado em todo o Caribe e em outras nações insulares vulneráveis.”

A tecnologia impulsiona a mudança para energias renováveis
Os painéis solares fotovoltaicos que cobrem a ilha sugerem um terceiro “R” na estratégia de resiliência climática “Roofs to Reefs” do governo: energias renováveis. O governo se comprometeu em fazer a transição para a geração de energia 100% renovável e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 70% até 2030.
“A segurança energética faz parte da nossa trajetória de desenvolvimento, e a energia renovável especificamente é essencial para o nosso futuro”, diz Lisa Cummins, Ministra de Energia e Desenvolvimento de Negócios de Barbados. “Não temos todas as respostas, mas estamos aprendendo com outros países o que funciona e compartilhando nosso conhecimento com pequenas ilhas e Estados em desenvolvimento que enfrentam riscos semelhantes.”

Lisa Cummins, Ministra de Energia e Desenvolvimento Comercial de Barbados.
Lisa Cummins, Ministra de Energia e Desenvolvimento Comercial de Barbados.
Como em muitas outras ilhas tropicais, o sol é abundante em Barbados, e a tecnologia solar já é amplamente aceita. Aquecedores solares produzidos localmente para água de uso residencial estão no mercado desde 1974 e são onipresentes em todo o país, desde as pequenas e tradicionais casas móveis até as casas mais modernas. Os painéis fotovoltaicos que geram eletricidade também são comuns, ocupando telhados, tetos de ônibus e mercadinhos de bairro.
Em 2016, a Barbados Light and Power Corporation (BLPC) - empresa nacional privada de eletricidade - comissionou uma fazenda fotovoltaica de 10 MW, à qual foram adicionados 20 MWh de armazenamento em bateria em 2018. Ela gera energia suficiente para atender 7.700 residências e também ajuda Barbados a criar uma economia circular prevista no programa Roofs to Reefs – já que uma população de 500 ovelhas BlackBelly pasta entre os painéis solares, comendo 42 acres de grama e outras plantas, enquanto desfrutam da sombra fornecida pelos painéis.

Os aquecedores solares residenciais de água produzidos localmente começaram a aparecer nos telhados há cerca de 50 anos.
Os aquecedores solares residenciais de água produzidos localmente começaram a aparecer nos telhados há cerca de 50 anos.
A ideia de uma unidade de energia renovável de uso misto parece atraente para uma ilha, porque o espaço é um recurso valioso, de acordo com Aidan Rogers, Consultor Estratégico para o Caribe Oriental da Hydrogène de France (HDF Energy). É por isso que a HDF e a distribuidora francesa de combustíveis Rubis SCA, apoiados pela IFC e pelo BID Invest, estão desenvolvendo o Renewstable Barbados, o maior projeto hidroelétrico do Caribe. Esta unidade de geração solar de 50 MW com armazenamento de hidrogênio verde e bateria de íon-lítio fornecerá eletricidade à rede de Barbados, demonstrando o potencial de armazenamento de eletricidade. A HDF acredita que esta é uma maneira promissora de enfrentar o desafio da intermitência das fontes renováveis de energia, como a eólica e a solar.


A crescente demanda por energia solar
A aceitação da tecnologia renovável pelo público em geral é importante por vários motivos. Além do impacto ambiental negativo dos combustíveis fósseis, a forte dependência desses combustíveis importados expõe Barbados às flutuações dos preços internacionais e impacta a competitividade dos setores produtivos, segundo o Banco Mundial. Isso também representa um peso significativo no orçamento das famílias. O custo de energia dos barbadianos está entre os mais altos no mundo, e o consumo residencial de eletricidade vem aumentando de forma constante.
Para incentivar o uso de energia solar entre os cidadãos, o governo dispensou a exigência de licença e instituiu a medição líquida, que permite aos residentes e empresas vender o excesso de eletricidade gerada por seus sistemas fotovoltaicos de volta à rede.
Entre residentes e empresas, “o apetite pela energia solar já superou nossas expectativas”, diz Cummins. “Quando as pessoas viram que havia uma possibilidade real de controlar seus gastos com eletricidade colocando painéis no telhado, a demanda disparou. Houve uma mudança real no estilo de vida e ela está impulsionando o mercado... as pessoas conseguem ver qual deve ser o seu papel na transição [energética].”
O setor privado também tem um papel crítico a desempenhar em “diferentes níveis”, acrescenta Cummins. “Queremos poder combinar a participação do setor privado local com o financiamento corporativo, redes e recursos internacionais, incluindo especificamente a tecnologia. Queremos que nossos parceiros do setor privado trabalhem em estreita colaboração conosco para facilitar a transição energética em Barbados.”
Para David Staples, Diretor-Executivo da Williams Industries, a instalação da capacidade de energia renovável é uma das áreas mais promissoras para investimento pelo setor privado.
“Procuramos ver onde podemos intervir e fazer a diferença... para ajudar a construir ou reconstruir a infraestrutura”, ele comenta. Staples estima que a Williams Caribbean Capital, parte da Williams Industries, criou US$60 a US$80 milhões em novos investimentos no setor verde de Barbados, incluindo projetos em energia solar fotovoltaica, infraestrutura hídrica e reciclagem de resíduos.


Uma definição inclusiva de resiliência
Cada uma dessas novas parcerias com o setor privado cria empregos verdes para as pessoas em Barbados, onde o turismo tem sido a maior fonte de emprego. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo estima que a contribuição total do turismo seja de cerca de 31% do PIB do país, sustentando 33% dos empregos. Esses números não incluem as pessoas que trabalham no setor informal, que formam um número significativo.
Isso reflete a forte dependência do turismo em todo o Caribe Oriental, onde o setor é o principal motor da economia, segundo o Banco Mundial.
Como em outras nações caribenhas, a Covid-19 devastou a economia dependente do turismo em Barbados, deixando mais claro do que nunca que o país precisava diversificar. É aí que entram os empregos verdes, diz Staples. “Seja instalando banheiros de baixo fluxo, trabalhando para minimizar o desperdício ou fazendo a modelagem de dados, a definição de um trabalho verde está evoluindo e os empregos verdes continuarão a crescer à medida que a sustentabilidade se tornar um ponto focal em Barbados.”
O recente apoio financeiro do Banco Mundial no valor de US$100 milhões para o desenvolvimento sustentável em Barbados será usado para ajudar a criar empregos nas economias azul e verde, como afirmou a primeira-ministra Mottley na época do anúncio. A economia azul inclui pesca, turismo e navegação, bem como setores emergentes como maricultura, energia renovável e biotecnologia.
Na unidade de Pile Bay, onde coletores de dados com tablets em breve receberão os pescadores que retornam de uma manhã no mar, Katrina Chapman agradece o apoio para a próxima fase da indústria pesqueira. Ela se lembra de como a vida de sua avó melhorou quando o primeiro ancoradouro foi construído: sua avó podia vender seu peixe lá em vez de andar de porta em porta vendendo os peixes que carregava em uma bandeja na cabeça.
“Se os pescadores puderem receber mais atenção e dispor de mais dinheiro para sustentar suas famílias, isso é uma coisa boa.”
Esse foco na qualidade de vida de pessoas e comunidades em Barbados é essencial para a ideia de resiliência, diz Munro-Knight, Ministra Responsável pela Resiliência Climática.
“A resiliência climática não é apenas uma questão de infraestrutura”, acrescenta. “Quando falamos de moradia, água ou plano de desenvolvimento físico, também falamos de pessoas, pobreza e setor social. Todas essas partes compõem a sustentabilidade. [Resiliência] é ser capaz de encorajar e apoiar as pessoas da comunidade, para garantir que construiremos coisas que ajudarão a proteger seus recursos e coisas que elas valorizam”.



Os moradores da ilha que estão curtindo o mar jogam uma partida de críquete improvisada na Pebbles Beach de Bridgetown.
Os moradores da ilha que estão curtindo o mar jogam uma partida de críquete improvisada na Pebbles Beach de Bridgetown.
Publicado em junho de 2023